Endocardite Bacteriana é o nome da patologia que corresponde a inflamação interna do músculo cardíaco devido ao ataque de bactérias. O cientista Dajani et al. (1997) publicou um estudo que, além de ser uma referência sobre a prevenção de Endocardites Bacteriana, tornou-se uma recomendação da American Heart Association. Este estudo aponta que as bactérias da microbiota bucal do gênero Streptococcus estão associadas a esta patologia. Este tipo de bactéria é incapaz de processar adequadamente a molécula de Peróxido de Hidrogênio (H2O2), e em sua presença, é levada a morte.
Com base nesta fragilidade, uma equipe de cientistas do Laboratório Maxwell iniciou em dezembro de 2016 um estudo dos efeitos da exposição de bactérias, sensíveis a peróxido de hidrogênio, a radiação de micro-ondas.
Ao serem expostas a radiação eletromagnética no espectro de micro-ondas de 2 a 3 GHz, as bactérias morrem sem que tenha sofrido efeitos térmicos, ao contrário, morrem devido à transferência de energia na forma de efeitos eletrostáticos polares, o que promove a formação de peróxido de hidrogênio, altamente oxidante e letal para muitos micro-organismos, e mesmo por quebra de ligações químicas (SOLANKI, PRAJAPATI e JANI, 2011, KOTHARI, PATADIA e TRIVEDI, 2011; WOO, RHEE e PARK, 2000; JENG et al., 1987).
A figura da esquerda refere-se a fotografia da placa de Petri que não foi exposta a radiação, onde as unidades formadoras de colônias (UFC) são visíveis e destacam-se na cor amarela, enquanto que a fotografia da direita representa a placa de Petri com as bactérias que foram expostas a radiação de micro-ondas, praticamente esterilizada em relação a outra.
Este fenômeno foi experimentado inicialmente através do uso de Real Phantons, ou seja, bactérias cobaias reais do gênero Saccharomyces cerevisiae, sob a liderança da cientísta Drª. Maria Raquel Manhani, com a participação do Me. Sérgio Tavares, aluno do programa de doutorado em engenharia elétrica da Escola Politénica e orientado do prof. Dr. Sergio Takeo Kofuji.
Toda a exposição a radiação não ionizante foi realizada em ambiente seguro e supervisionada pelo Dr. Alexandre Maniçoba de Oliveira, com apoio dos doutores João Francisco Justo e Charles A. S. de Oliveira.
A primeira publicação desta inovadora pesquisa aplicada foi aceita para publicação e apresentação no 5° Simpósio de Dispositivos de Assistência Ventricular e Coração Artificial, evento é organizado e promovido pelas seguintes instituições:
- Instituto Federal de São Paulo;
- Escola Politécnica da Universidade de São Paulo;
- Fundação de Amparo a Pesquisa do Estado de São Paulo;
- Instituto de Cardiologia do Estado de São Paulo;
- e a Sociedade Latino Americana de Biomateriais e Órgãos Artificiais.
Os próximos desdobramentos da pesquisa aplicada estão relacionados ao teste da técnica de radiodesinfecção em bactérias do gênero Streptococcus de maneira a determinar sua eficiência.
Cientistas envolvidos com essa pesquisa:
- Dr. Alexandre Maniçoba de Oliveira
- Dra. Maria Raquel Manhani
- Dr. Charles A. S. de Oliveira
- Dr. Sergio Takeo Kofuji
- Dr. João Francisco Justo
- Me. Antônio Marques
- Me. Antônio Mendes
- Me. Sérgio Tavares.
Referências
Dajani, A. S., et al. “Prevention of bacterial endocarditis”, Circulation, vol. 96, n.1, pp.358-366, 1997.
Jeng, D. K., et al. “Mechanism of microwave sterilization in the dry state”, Applied and Environmental Microbiology, vol. 53, n. 9, pp. 2133-2137, 1987.
Kothari, V., Patadia, M. e Trivedi, N. “Microwave sterilized media supports better microbial growth than autoclaved media”. Research in Biotechnology, vo. 2, n. 5, pp. 63-72, 2011.
Solanki, H. K., Prajapati, V. D. e Jani, G. K. “Microwave Technology—A Potential Tool in Pharmaceutical Science”. ChemInform, vol. 42, n. 24, pp. 1754-1761, 2011.
Woo, I. S., Rhee, I. K. e Park, H. D. “Differential damage in bacterial cells by microwave radiation on the basis of cell wall structure”, Applied and Environmental Microbiology, vol. 66, n. 5, pp. 2243-2247, 2000.
#LABMAX, labmax.org, Endocardite Bacteriana, Radiodesinfecção.